Agosto é o mês da conscientização sobre a importância do aleitamento materno, e sabemos do valor da amamentação como pilar fundamental para a saúde física e emocional do bebê. Mas, para muitas mães, especialmente aquelas que enfrentam desafios emocionais no pós-parto, esse momento pode vir acompanhado de uma pergunta angustiante: “Posso continuar tomando meu remédio e amamentar meu bebê com segurança?”
A resposta a essa pergunta não é simples, mas ela existe. E, mais do que isso, é possível encontrar equilíbrio entre o cuidado com a saúde mental da mãe e a proteção ao bebê. Este artigo busca esclarecer os principais mitos e dúvidas sobre o uso de medicamentos psiquiátricos durante a amamentação, com base em dados científicos.
A importância da saúde mental no puerpério
O puerpério é um período de intensas transformações físicas, emocionais e sociais. Muitas mulheres experimentam sentimentos ambíguos, mudanças de humor, ansiedade e até mesmo episódios depressivos. Dados da OMS indicam que cerca de 1 em cada 7 mulheres desenvolve depressão pós-parto. A saúde mental da mãe tem impacto direto no vínculo com o bebê, no aleitamento e na segurança afetiva da criança. Negligenciar sintomas psiquiátricos nesse momento pode trazer riscos tanto para a mãe quanto para o recém-nascido.
É seguro tomar antidepressivos e continuar amamentando?
Em muitos casos é possível utilizar medicamentos psiquiátricos durante a amamentação, desde que com orientação adequada. Existem certos tipos de antidepressivos, estabilizadores de humor e ansiolíticos que são considerados compatíveis com o aleitamento por diversas sociedades médicas e pediátricas.
Por exemplo, a sertralina é um dos antidepressivos mais prescritos para mães que amamentam, pois apresenta baixa concentração no leite materno e baixo risco de efeitos adversos no bebê.
Ainda assim, a escolha do medicamento depende de uma avaliação individualizada, que considere histórico de saúde mental, sintomas atuais, idade gestacional, e presença de outras condições clínicas. Por isso, reforçamos a busca de um psiquiatra para tomar a decisão mais adequada à realidade de cada paciente.
“Vou prejudicar meu bebê se continuar o tratamento psiquiátrico?”
Essa é uma dúvida legítima, mas muitas vezes baseada em culpa e medo, não em ciência. Grande parte dos medicamentos de uso psiquiátrico não está absolutamente contra indicada durante a lactação. O que existe é uma análise de risco-benefício que deve ser feita entre a mãe e seu psiquiatra.
O Manual de Medicamentos e Amamentação da Academia Americana de Pediatria classifica muitos psicofármacos como “compatíveis com a amamentação”, desde que monitorados. Não tratar uma depressão grave, ansiedade incapacitante ou episódios psicóticos pode ser muito mais arriscado para a mãe e para o bebê do que o uso controlado de medicação.
Quais são os cuidados ao tomar medicamentos e amamentar?
Embora o uso de algumas medicações seja considerado seguro, existem orientações importantes para garantir o bem-estar do bebê:
- Acompanhar com o pediatra: o desenvolvimento do bebê deve ser monitorado periodicamente para observar qualquer sinal de efeito colateral, ainda que raro.
- Evitar medicamentos de meia-vida longa: pois eles permanecem mais tempo no organismo e, consequentemente, no leite.
- Ajustar o horário das doses: em alguns casos, é possível alinhar o horário do medicamento com os momentos de menor amamentação, reduzindo ainda mais a exposição.
- Evitar automedicação: qualquer substância — mesmo fitoterápicos ou naturais — pode afetar a produção de leite ou o bebê. Toda medicação deve ser orientada por um profissional.
Amamentar e cuidar de si: um ato de coragem e amor
É preciso desconstruir a ideia de que a maternidade exige perfeição. Muitas mães se sentem pressionadas a abandonar o tratamento por medo de prejudicar o bebê, quando na verdade, uma mãe emocionalmente estável é a base mais segura para o desenvolvimento do filho.
Como afirma a CEO do Espaço Abra, Dra. Maria Esther Delgado:
“O melhor para o bebê é uma mãe que esteja emocionalmente presente, e com auxílio do psiquiatra conseguimos promover a segurança do bebe sem precisar abrir mão do bem estar da mãe’’.
Quando procurar ajuda?
Se você é gestante ou lactante e sente:
- Tristeza constante ou sem motivo
- Dificuldade de se conectar com o bebê
- Insônia, irritabilidade, ansiedade intensa
- Vontade de fugir ou sumir
- Sensação de estar sobrecarregada ou incapaz
…saiba que você não está sozinha. E você não precisa enfrentar isso em silêncio.
Cuide de você, cuide de quem você ama
No Espaço Abra, oferecemos consulta psiquiátrica online com profissionais que compreendem a delicadeza da maternidade e estão preparados para ajudar você a viver essa fase com saúde, autonomia e acolhimento. O cuidado começa quando você escolhe falar sobre o que sente.